Há dias uma pessoa que fora mãe
recentemente explicou como ela e o marido decidiram ter o filho. Ora então foi
assim: «Não tenho, nem nunca tive instintos maternais, nem vontade de ter
filhos, o A. Também não. E se estivéssemos à espera deles, nunca iriamos ter
filhos. Levávamos uma vida boa e sem necessidade de mais nada. Mas começamos a
pensar se aos 40 anos quereríamos ter a mesma vida, se calhar iriamos começar a
sentir-nos aborrecidos com a vida que temos e depois iriamos sentir alguma
solidão e como temos trinta e poucos anos então é melhor ter um filho. Não
temos qualquer desejo, mas é melhor» E pronto, a decisão de trazer um ser
humano a esta vida e por ele ser responsável toda a vida, foi assim tomada! A
mim, choca-me imenso! Não estamos a falar de adquirir algo que passado um
tempo, caso não nos adaptemos, podemos dar\vender\deitar ao lixo. Eu diria que
é o compromisso mais sério que alguém pode assumir na vida e do qual será para
todo o sempre responsável para o bem e para o mal.
Ontem soube que essa pessoa \ mãe
está com sintomas depressivos. Algumas pessoas estão mesmo a ficar preocupadas
e vão mesmo aconselhá-la a procurar ajuda profissional. Não fiquei surpreendida
com isto, óbvio. Espero honestamente que a pessoa aceite receber ajuda porque o
bébé precisa de uma mãe feliz, equilibrada, emocionalmente estável e preparada
psicologicamente para lidar com ele. Surpreendida não fiquei em saber que a
recente mãe está com sintomas depressivos, mas continuo (escrevendo sobre isto)
em choque com o que ouvi da boca dela há dias. Não nascemos ensinados sobre
muitos assuntos, é um facto e este da paternidade\maternidade é um assunto
muito complicado e para o qual só a vida e o tempo dão ensinamentos. Mas sobre
as nossas vontades e desejos somos conscientes caramba, cada um sabe o que
sente e o que não sente. A vida deveria ser comandada em função disso e jamais
em função de uma “fórmula matemática”. Jamais em função de 1+1=2. Isto é atroz!
O ser humano vai além das fórmulas, da exactidão das coisas, da racionalidade.
Nós somos muito mais que isto. Está mais que provado. Mas há pessoas que têm a
inteligência emocional muito débil, quiçá quase inexistente!? Sim, porque quem
toma uma decisão destas á la mode de um teorema de Pitágoras é emocionalmente
limitado, tacanho, enfim…pobre de espírito. Mas ainda bem que existem
profissionais que podem ajudar as pessoas neste âmbito. Hajam soluções. Claro
que têm é que ser procurados pelas próprias pessoas ou outras muito próximas.
Espero que tudo corra bem para esta Família e sobretudo que este bébé tenha
oportunidade de crescer com pais emocionalmente equilibrados e felizes!