segunda-feira, 15 de julho de 2013

Isto não é a "Tailândia"!

Este fim-de-semana o senhor meu esposo falou-me de uma reportagem que leu sobre uma família (casal com um filho) que se mudou para a Tailândia. E porquê? Porque foram lá passar umas férias e ficaram encantados com o estilo de vida, melhor dizendo com a Qualidade de vida que as pessoas que lá viviam tinham e comentaram que um dia gostavam de viver assim, fora da “loucura” do dia-a-dia a que a “nossa” vida cá em Portugal nos obriga. E assim aconteceu! Passados meses ou anos já não sei bem, penso que um deles ficara desempregado e então decidiram avançar para um projecto de vida a três longe da “vida selvagem” das nossas cidades, também numa perspectiva de proporcionar ao filho uma vida com qualidade e, segundo eles, mais “saudável”. Na Tailândia (numa das ilhas) criaram um hotel com bungalows e vivem do turismo. Recebem muitos portugueses.
Eu não conheço esta família, mas gostava de dizer-lhes que lhes admiro a coragem, a audácia em arriscar abandonar uma vida que erradamente (na minha opinião) achamos que é a mais “confortável” que é a “melhor” porque é a vida que tem que se viver aqui em Portugal, porque é a vida igual à do vizinho do lado. Porque é a vida que os nossos pais levaram, porque “tem que ser assim”. Mas não! Esta família virou costas a este estilo de vida “confortável” e de espírito aberto lançaram-se na “aventura” de ir ao encontro (bem longe) de uma vida melhor, de uma vida sem correrias, sem trânsito, sem roupas xpto para ir trabalhar, sem confecções de jantares em “velocidade flecha” porque tem que se apanhar a roupa e dobrar, preparar sacos para o dia seguinte, tomar banho e dormir, enfim, uma vida sem o caótico stress de ter que fazer num dia mil e uma coisas e sem tempo de qualidade para momentos de real prazer, momentos de efectivo descanso, de efectiva tranquilidade e paz, de efectivo relaxamento, de efectiva partilha e vivência de emoções com os que amamos, tudo sem pressa!

Eu não vivo os dias (nem os meses) a pensar que os anos estão a passar velozmente e que a vida tem sido sempre igual com 80% do tempo a trabalhar e o restante a “correr” para conseguir ter alguns momentos de prazer e lazer. Não, claro que não! Não vivo amargurada, nem infeliz nem a lamentar-me da vida…nada disso! Eu nem sou assim! Mas o certo é que quando páro para analisar a minha (igual à de muitos outros) vida, fico com uma certa angústia, ui se fico! Levantar antes das 7h, sair de casa às 7h e tal, fazer quase 100km por dia, chegar a casa ao fim do dia, andar a correr para ter os meu momentos de lazer (de cerca de 1h), preparar jantar, estar em família umas míseras 3horitas porque tenho que deitar cedo para cedo levantar e depois existem 2 dias de descanso em que se tenta de tudo fazer (às vezes também rápido) para ter tempo de qualidade! Já para não falar de colegas de trabalho com os quais falo diariamente e que têm filhos, mas que contam pelos dedos as horas que passam numa semana com seus filhos sem stress! Eu sou muito Feliz, mas “analisando isto à lupa”, isto não é qualidade de vida nenhuma! Porra! Tenho os meus pais que amo, tenho amigos que amo, e é com eles que também a minha vida faz sentido obviamente, mas eu acho que também poderia ser feliz na “Tailândia” J …sem carro, sem um apartamento com as coisas xpto que tem que se ter porque sim, vivendo com o necessário e com TEMPO para disfrutar da vida a três (nós e o cão) e quem sabe lá na “Tailândia” com “mais alguém”… 

3 comentários:

  1. O que escreveste para mim faz todo o sentido!
    Já há algum tempo que penso assim (e acho que já falamos sobre isto), para mim esta vida que levamos não tem grande sentido e quando me ponho a analisar, a reflectir mesmo nas coisas, fico triste...
    Tento fazer o melhor face à vida que tenho, mas acho que há coisas que só se iriam alterar com uma mudança radical.
    Espero um dia encontrar a "minha Tailândia"... e sonho cada vez mais com isso. O problema é o companheiro aqui da "je" não é tão aventureiro como eu... Tem que se ir com calma. O bichinho da Tailândia já cá está, agora é só esperar pela oportunidade certa :)
    Que bom que pensas como eu! :)

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  2. :) Pois... é que é mesmo isso...

    Não conhecia essa história, mas conheço algumas em que realmente o mitívo para sairem de Portugal foi mesmo esse... o conseguirem Tempo de qualidade... em vez de andar a correr todos os minutos...

    Beijinho

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  3. Pois é Ana e Nat. ... espero que um dia nós consigamos encontrar a "nossa Tailândia!" :) Beijinhos!

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